O Escultor
E, lá, eu a ouvia gemer
Gemia como uma puta!
E enquanto eu recitava
Qualquer meio palavrão
Que eu dizia ser poesia
No ouvido fazendo-a rir
Contornava uns pingos
De seu suor e da saliva
E de lágrimas da vagina
Oh, a vaidade simplória
Que levava-me a esculpir umas infelizes almas.
E como que para descrever a chuva...
Cantarolava qualquer vento de outono
Que me infestava de escuridão.