TAÇA VAZIA
TAÇA VAZIA
J.B.Xavier
Não...não há mais vinho na taça...
Apenas o rubor das paredes do vidro,
A refletirem tua presença em minha face...
E o buquê de doces ideais
Escorrendo nas últimas gotas
Do rubi dos sonhos apenas imaginados...
Uma taça vazia jaz na solidão da brancura da toalha...
Está só na vastidão da mesa,
Tão vazia quanto ela...
Adiante outra cadeira, também vazia
Faz eco ao coração
Um taça vazia...
Uma cadeira à tua espera...
E a solidão...
Vem, portanto, que essa espera,
Torna ainda mais dolorida
A trajetória pelos caminhos da vida...
Vem, que o futuro nos abraça,
Vem alegrar esta mesa e esta taça...
Vem que quem te chama não sou somente eu,
Vem que teu lugar permanece vazio
Enquanto sorvo os buquês sem viço
Da vida sem ti.
Vem, que quem clama por ti é a própria eternidade,
Que assim como agora
Se disfarça em minha saudade...
Em ti e em mim restam apenas esperanças...
Sonhos longínquos, risos de crianças,
Prados de sonhos esperando pelo nosso caminhar...
Vem, que essa taça vazia
Espera pelo maravilhoso dia
Em que entre beijos nossas mãos vão se encontrar...
É assim que te espero...
No universo solitário da vastidão da mesa vazia...
Onde teus lábios mancham a taça de rubor,
Falando-me do teu sonho mais verdadeiro...
Não há mais vinho na taça...
Porque aspirando o buquê do amor
A esperança o sorveu inteiro...
* * *