A vida real
A vida real
Vaga pelo desconhecido
É um tanto singular
É sensação e fúria
Abraço no instante
Orgulho desvanecido
Em vaidade extenuada!
A vida real
É vocabulário erótico,
Carícias e nuances
Em Gozo transbordado.
É o encontro prodigioso,
O irreptível no irreal
E a demora súbita
No encontro repentino!
A vida real
É o vôo da partida,
O anúncio da chegada .
O sonho na angústia inusitada,
O ficar sozinho na vida inteira,
O passo lento na urgência,
É o cansaço surreal
E a solicitude confessional
Na hipótese do tempo!
A vida real
É o simples relato
De confissões íntimas
E o desvencilhar decadente de uma tarde sem fim!
É a manifestação circunstancial
E a firmeza de um olhar perdido!
A frivolidade do silêncio desnecessário,
A extensão efusiva
E o embaraço da armadilha textual!
É a constituição do cansaço suportável
E a insinuação imperfeita do espião imune!
Mas a vida real
É sobretudo,
A mão rude do homem afeito,
A espera do inesperável,
As horas a fio e imperceptíveis,
O disse-me-disse,
O vaivem incompreensível,
A ventania da agitação,
A revolução sem se dar conta,
A impressão na prática,
O futuro no passado,
É ainda,
O brilho no escuro!
Mas,
A vida real
É a exatidão estranha do abandono de si mesmo!