A vida real

A vida real

Vaga pelo desconhecido

É um tanto singular

É sensação e fúria

Abraço no instante

Orgulho desvanecido

Em vaidade extenuada!

A vida real

É vocabulário erótico,

Carícias e nuances

Em Gozo transbordado.

É o encontro prodigioso,

O irreptível no irreal

E a demora súbita

No encontro repentino!

A vida real

É o vôo da partida,

O anúncio da chegada .

O sonho na angústia inusitada,

O ficar sozinho na vida inteira,

O passo lento na urgência,

É o cansaço surreal

E a solicitude confessional

Na hipótese do tempo!

A vida real

É o simples relato

De confissões íntimas

E o desvencilhar decadente de uma tarde sem fim!

É a manifestação circunstancial

E a firmeza de um olhar perdido!

A frivolidade do silêncio desnecessário,

A extensão efusiva

E o embaraço da armadilha textual!

É a constituição do cansaço suportável

E a insinuação imperfeita do espião imune!

Mas a vida real

É sobretudo,

A mão rude do homem afeito,

A espera do inesperável,

As horas a fio e imperceptíveis,

O disse-me-disse,

O vaivem incompreensível,

A ventania da agitação,

A revolução sem se dar conta,

A impressão na prática,

O futuro no passado,

É ainda,

O brilho no escuro!

Mas,

A vida real

É a exatidão estranha do abandono de si mesmo!

Valter Queiroz
Enviado por Valter Queiroz em 04/11/2008
Código do texto: T1265237
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