A noite desce a escada...

A noite desce a escada

E me surpreende escrevendo

Sinto um arrepio gelado

Percorrer minha espinha dorsal

Paro um instante

Para ouvir sons distantes

Penso na casa mal assombrada

Uma janela bate dou um pulo

Da cadeira do computador

Onde estou sentando

Tentando escrever esse poema

Meu coração dispara

O grilo aparece rindo

Dispara poeta, dispara.

Grilo não enche o saco

Dispara no sentido de

Acelerar bater mais

Depressa correr voar

E o grilo pergunta. Afinal...

Ele dispara diz pára para acelerar

Ou voa como é esse coração

Grilo você desviou a atenção

Sinto as assombrações

Que nos rodeiam à nossa volta

Sento e volto ao poema

Ouço ruído de porta se abrindo

Levanto e vou procurar

Piso num rodo ele pula

Batendo em meu peito

Outro susto deixo tudo

Pra lá e volto pra cá

Quero terminar esse poema

Só não sei se vou conseguir

Mas, tento com tanta intensidade.

Que de verdade o poema parece

Ele mesmo querer acontecer

Agora ouço uma torneira aberta

A água escorrendo caindo

Molhando descendo a escada

Tenho que ver, levando e sigo

O barulho da água caindo

No banheiro a banheira transborda

Fecho a torneira da banheira

Só não vou enxugar tudo agora

Mas tenho certeza que agora

O poema vai terminar.

ABittar

Poetadosgrilos