Fraternidade
para Ilze Soares
Sonhei um dia com amigo que não tinha:
— Ele me fugia, não sabia quem era, o que poderia ser.
E agora — tempos passados —
tu me apareces, uma novidade,
não sabida não esperada:
— Pois então que veio, e se instalou... no meu coração.
O que vou dizer, já és bem-sabida:
— Tens tantas palavras... que correm mundos
levando amor — a nossa seiva —
para os que têm a boa ventura
de cruzar o teu caminho.
— E o teu caminho é abençoado, pelo que nele tu colocas.
— Tu falas de amigos, quem não os quer?
Mas eles se ausentam, pelas falhas do mundo...
— Tu tens, porém, a benção
daqueles que não têm medo
de mostrar o próprio íntimo,
nosso maior bem, que guardamos para poucos...
— Se eu quizesse escolher
um amigo, um conhecido, uma pessoa,
para deixar na minha alma
— passagens... pedaços... amores —
tu bem sabes, nunca esconderia:
— Já és parte do nosso Ser, do que somos, daquilo que amamos...