MADEIRA
Como madeira fui talhado para te servir,
refratário às vaidades e outras pragas mais.
Vendo-me importante, em um canto qualquer,
valendo pouco mas julgando me valer mais.
Mas me muda de lugar para um menos importante,
parece-me justo e acho a serventia ainda maior.
Super-inflamado me sinto realmente grande,
e protelo o discertimento que me põe menor.
Sempre imóvel, sinto seus movimentos, quase alheio,
vez por outra, entro na sua volúvel ciranda social.
Assim acabo esquecendo que sou esquecido.
como os onze meses que precedem ao natal.
Mas se madeira me sinto, então vem da natureza,
os ventos da esperança soprando a meu redor.
Ao escolher um lado, vejo que o meu é o de fora,
te vendo por dentro e aí, por fora me sinto só.
Mas não é pequena a natureza que me cerca,
nem apenas um, o canto para longe ver polinizar.
Derepente me vejo brotando em outras bandas,
crescendo feliz, florecendo em algum outro lugar.