Honestidade
Parado de pé na calçada
olhando o vai e vem da multidão
sem ver nem pensar em nada,
quando um menino me chamou a atenção.
Era a imagem viva da pobreza,
sujo e de fraca compleição.
Com o olhar nadando em tristeza,
humildemente me estendeu a mão.
Era um desses garotos de rua
que dormem no chão
e que tem por teto, a lua.
Uma idéia me ocorreu então
testar o caráter daquela criança
rogando que não fosse mera ilusão
aquele meu ato de fé e esperança.
Tomado de intensa emoção
dei uma nota de cinquenta para trocar
dizendo que, quando regressasse,
algum trocado iria lhe dar.
Sorrindo, pediu que o aguardasse.
Fiquei esperando que ele voltasse.
Resolvi ir embora, mas com emoção
ouvi o garoto de "moço" me chamando,
correndo, vindo em minha direção,
o dinheiro trocado na mão agitando.
Olhando com ternura para aquela mão,
todas as notas nela depositei.
Sem entender do meu gesto, a razão,
saiu gritando : Olha , gente, quanto ganhei!
dizia, desconhecendo a grande admiração
pra sempre gravada no meu coração.
NOTA: Esta poesia foi baseada num fato real. Foi-me solicitada
por minha amiga Helena para que ela a desse de lembrança ao namorado, o "moço" que protagonizou este acontecimento.