Honestidade

Parado de pé na calçada

olhando o vai e vem da multidão

sem ver nem pensar em nada,

quando um menino me chamou a atenção.

Era a imagem viva da pobreza,

sujo e de fraca compleição.

Com o olhar nadando em tristeza,

humildemente me estendeu a mão.

Era um desses garotos de rua

que dormem no chão

e que tem por teto, a lua.

Uma idéia me ocorreu então

testar o caráter daquela criança

rogando que não fosse mera ilusão

aquele meu ato de fé e esperança.

Tomado de intensa emoção

dei uma nota de cinquenta para trocar

dizendo que, quando regressasse,

algum trocado iria lhe dar.

Sorrindo, pediu que o aguardasse.

Fiquei esperando que ele voltasse.

Resolvi ir embora, mas com emoção

ouvi o garoto de "moço" me chamando,

correndo, vindo em minha direção,

o dinheiro trocado na mão agitando.

Olhando com ternura para aquela mão,

todas as notas nela depositei.

Sem entender do meu gesto, a razão,

saiu gritando : Olha , gente, quanto ganhei!

dizia, desconhecendo a grande admiração

pra sempre gravada no meu coração.

NOTA: Esta poesia foi baseada num fato real. Foi-me solicitada

por minha amiga Helena para que ela a desse de lembrança ao namorado, o "moço" que protagonizou este acontecimento.

Yvonne Seabra
Enviado por Yvonne Seabra em 01/11/2008
Código do texto: T1259975