Simplicidade
Reneguemos essa Simplicidade de agora.
Voltemos a Outrora!
Voltemos a crer em alguém Divino
e no País dentro do hino.
E que se viva o desatino!
Pintemos, de novo, naturezas-mortas.
Abandonemos as caras tortas
e o materialismo dos idiotas.
Sintamos, outra vez, o generoso amplexo,
o amor com sexo
e a esperança de se encontrar qualquer nexo.
Busquemos novas complexidades.
Intrincadas divindades
nos becos das velhas cidades.
Voltemos a ser densos,
sonhemos sonhos imensos
no topor dos gregos incensos.
Reviva-se o Simbolismo!
Acabemos com o Minimalismo.
Fujamos dos poucos
e usemos o luxo dos loucos.
Busquemos a Clássica Antiguidade.
Ouçamos os Mitos,
façamos os antigos ritos
e gritemos todos os gritos.
Libertemo-nos de tanta tecnologia.
Permitamos a saudade, a nostalgia.
E, até, que alguém ria.
Rezemos para Santa Sofia.
Recuperemos alguma Ideologia.
Dancemos outra folia
(com menos gringo e mais fantasia).
Bebamos a Dionísio e à orgia
e, por fim,
tenhamos a petulância
da selvagem antropofagia.
Sem essa indigente simplicidade
que nos sobrou na pós modernidade.