Sindromes II
Eu quero despir-me desse esquecimento.
Esse horror que me é imposto
e que me rouba o próprio rosto.
Que estrada é essa que andei?
Qual encruzilhada errei
para chegar nesse pouso que cheguei?
Eu sinto que as lembranças se escondem
nesse escuro labirinto,
qual porre de absinto.
Sinto o terror da sorte Madrasta
nesse quarto em que a porta se afasta.
Nesse emaranhado de coisa, nome e data;
onde só acho a inutilidade do tubo sem pasta.
Que tempo é esse de agora,
em que as Palavras vão-se embora
sem que licença eu lhes dê.
Como vento que não se vê.
Por que me foge o que sou?
O que há pouco eu disse
é como se nem existisse.
Quando foi que tomei esse veneno de Circe?
Nessa cova descabida
da qual não sei a saída.