Melancolia enxugada...
E dei-lhe um abraço.
Tão forte que parecia esmagar.
E um suspiro ouviu-se.
Queria ser silencioso.
E confundir-se com o vento que soprava.
Não era amor.
Nem nada.
Era corpóreo mesmo.
Uma coisa quase humana.
Que deveras ser o desejo dos deuses.
E eu incrédulo.
Sugando da mais pueril força.
Deixando os olhos tomar medidas métricas.
E o tempo que passa...
O que seria de nós sem o tempo.
Os que dizem o contrário.
Vaidosos e narcisos.
Eu quero ser velho.
Quero ser viúvo.
Ou dar a viuvez.
Quero chorar o caixão da mulher.
Ou receber suas lágrimas fartas,
me inundando.
É sofrer meu rapaz...
Brindar o ano novo sem motivos.
Com cadeiras vazias e festivas.
Que me desejam o que outros fizeram.
Que me anoitecem.
Que me esquecem.
Que me fazem de qualquer vento.
Um abraço e um suspiro.
E tudo, é a inconstância que me move.
Inconstância que às vezes me afasta de mim.
Inconstância que me esconde no bolso.
Inconstância que me perdoa e pune a cada hora.