Melancolia enxugada...

E dei-lhe um abraço.

Tão forte que parecia esmagar.

E um suspiro ouviu-se.

Queria ser silencioso.

E confundir-se com o vento que soprava.

Não era amor.

Nem nada.

Era corpóreo mesmo.

Uma coisa quase humana.

Que deveras ser o desejo dos deuses.

E eu incrédulo.

Sugando da mais pueril força.

Deixando os olhos tomar medidas métricas.

E o tempo que passa...

O que seria de nós sem o tempo.

Os que dizem o contrário.

Vaidosos e narcisos.

Eu quero ser velho.

Quero ser viúvo.

Ou dar a viuvez.

Quero chorar o caixão da mulher.

Ou receber suas lágrimas fartas,

me inundando.

É sofrer meu rapaz...

Brindar o ano novo sem motivos.

Com cadeiras vazias e festivas.

Que me desejam o que outros fizeram.

Que me anoitecem.

Que me esquecem.

Que me fazem de qualquer vento.

Um abraço e um suspiro.

E tudo, é a inconstância que me move.

Inconstância que às vezes me afasta de mim.

Inconstância que me esconde no bolso.

Inconstância que me perdoa e pune a cada hora.

N Lago
Enviado por N Lago em 01/11/2008
Código do texto: T1259349
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