PAZ NESTE FINADOS
Choremos, neste Finados,
os nossos mortos lembrados.
Porém choremos baixinho,
a fim de não acordá-los.
Precisam de paz, a paz!...
Do olhar insone e molhado
de pais, famílias sofridas,
deixemos jorrarem rios
- rios Nilos, Amazonas -
de prantos intermináveis.
Onde os "desaparecidos"?
Onde os que foram tombados
de fé e ideais à mão,
inda no verdor da idade,
na execução do exercício
de ter-se a revolução?
Mas que só choremos pranto
brando e terno e moderado
por qualquer irmão da terra
que a morte tenha colhido,
seja civil ou soldado.
Choremos, mas sem alarde,
os mortos por mãos covardes
e os que, valentes, tombaram,
precosemente ceifados
nas lutas lá do Araguaia.
Enfim, paz, neste Finados,
pra minorar, de verdade,
a dor grande de enlutados
que irão chorar os seus entes
com desalento e saudade.
Fort., 31/10/2008