A ESPERA (ZÉ POLINÔMIO)

A ESPERA (ZÉ POLINÔMIO)

A primeira moça passa e não diz nada

A outra moça passa apressada

O homem esnobe passa

Ela que devia passar não passa

A decepção chega e depois passa

A dor que não esperava chega e não passa

O homem com fome passa

E minha fome passa

Tudo passa na longa estrada

Deixando em mim a lembrança

Passa o encanto e o desencanto

Deixando só esperança

Passa o velho e passa o novo

Entre a multidão que passa

Todos passam de volta

Somente ela não passa

Passa rico e passa pobre

Passa o palhaço e faz graça

Passa o sorriso de meus lábios

E ela nunca que passa.

Passa-me a vontade de comer

Passa o dia e passa a noite

Passando não sei pra que.

Somente ela não passa

Não passa não sei por que.