MARTELO
Nós formamos um triângulo,
Se é amoroso, não sei.
Estamos sempre nos opondo,
A critério de vocês.
Em caso de união,
Minha cabeça é usada.
Mas se a causa é oposta,
Uso minha unha afiada.
Por essa contradição,
Dizem que somos dois.
Mas tem a terceira parte
Que foi encaixada depois.
Assim formamos três corpos,
Cabo, cabeça e unhas.
Minha cabeça diz, põe.
Minhas unhas dizem, tira.
O cabo resolve a briga.
O cabo é desenhado
Por verdadeiro artesão,
É liso, envernizado...
Pra não machucar a mão.
É esta madeira alisada
Que nos traz constrangimento,
Pois é sua parentada
Quem mais sofre espancamento.
Sou uma ferramenta na obra
Muito fácil de encontrar.
Mas posso ser outra coisa,
Basta apenas imaginar.
Posso estar no piano
Na hora de afinar.
Ou, então, no oceano
Nadando em alto mar.
Ferramenta ou tubarão,
Não importa a condição,
Me sinto sempre feliz
Pois ao final do pregão
Estou na mão de um juiz
Como vara de marmelo
Estando certo ou errado
É ele quem bate o MARTELO