Pau e pedra

Muito pau muita pedra

até o fim do caminho

a gente cata a sobra

recolhe os restos

inventa uma dobra

dribla uma queda...

é o nó no pingo d´água

na chuva que deságua

e a cumeeira desaba

na cola dessa aba...

é o sapo na garganta

e o bicho se agiganta

e a fome ainda é tanta

na miséria que ainda ronda

as rezas deste mundo

cada vez mais redondo

num oceano mais profundo...

é o sol que cresce

é a terra que aquece

é o gelo que derrete

e esse mar que enlouquece...

muito peixe pouco anzol

pouca luz nesse farol

muito caco de vidro

muito toco

muito dinheiro

prá pouco troco...

e a gente vai levando

num rastejo de cobra

e a gente vai cantando

assoviando a qualquer hora

e a gente vai tomando

essa cachaça e comemora...

o projeto da casa

o pedaço do pão

a promessa de vida

no teu coração...

e a gente ainda agüenta

esse rojão...

(... ainda bem que tem o Tom e o Chico prá acalmar o coração ...)