A Árvore

Os frutos iam maturando devagar...

eram brilhantes,

e prometiam rico sumo,

pois sabiam ao doce da bondade e ao alarido da alegria.

Um braço tirano os alcançou, arrebatou, e os guardou

em redoma distante.

Mas a árvore acreditava em si mesma, em sabor e em festa...

O verde enorme das folhas amigas era mais que esperança:

havia a sombra exata

do sossego;

passarinhos e passantes sentiam-se em casa.

Um braço curto, mesquinho, fez outono,

e por certo tempo,

abrigo não houve.

Mas a árvore de numerosos galhos acreditava em paz...

e em si mesma.

As flores cresciam,

vingavam em desavisada paixão!

Um braço inconsequente as colheu

- despetaladas, jogadas ao longo do caminho,

perderam cor e cheiro e viço.

Mas a árvore acreditava em afeto, em si mesma,

e muito pouco em dor...

Então veio o braço da desconfiança

e o caule virou banco de jardim.

Agora a raiz acredita em

machados,

mas ainda pode receber enxertos.

Morada Nova-CE, 26 de outubro de 2008

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 31/10/2008
Reeditado em 08/10/2009
Código do texto: T1257789
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