CIDADE LAVADA - O CANTO DO POETA
Eu ando pelas ruas da cidade lavada, com pés descalços.
É setembro, e São Miguel manda suas águas lentas
Ando como um sonâmbulo em meio a buzinas e luzes de neom
São tantos rostos que não conheço, mas me identifico.
Vejo-me em cada face taciturna e triste
Eu ando, e meus pés doem, minha alma doe.
A cidade me afaga com seus ventos frios
Ela me acompanha já há tanto tempo
Em seus gélidos meses juninos
Em suas tórridas noites veranistas
Na ânsia de um desejo perdido
Na agonia de um sonho partido
Foram e serão tantas ruas, que meu porto,
Coleciona em cada uma delas, uma parte de mim
Uma lagrima na calçada, um riso em um banco de praça
Um fulgido olhar, a caçar sonhos, sob os raios de um sol poente.
Eu ando pelas ruas desta cidade, com a intenção de nunca mais,
Outra vez.