MALANDRAGEM
Não entendo seus pensamentos
Não entendo seu jeito de rua
Esse jeito de querer levar vantagem
Dando valor ao que aprendeu na malandragem
Esse seu modo de falar e gesticular
Achando que dizer o que quer te torna melhor
No embalo da vida as pessoas vão passando
Alguns vão ficando a beira das calçadas
Quem sabe meu mundo seja menos nobre
Pois nunca precisei vender a mãe e passar no cobre
Nunca passei fome a beira da estrada,
Ou tive que sair de casa para mostrar ser gente grande
Nessa malandragem não me vejo inserida
Pois, eu preciso pensar pra existir e sentir que tenho vida
E nesse pensar há algo mais que apenas festar ou beber
Tenho sede de infinito e de coisas que os olhos não vêem
Eu preciso ler e através dos livros o mundo conhecer
Não posso estar em todos os lugares, mas posso me permitir
Pelos livros aprender a viajar sem precisar me despedir
Sem hora pra voltar e sem culpas na bagagem para me diluir
Talvez, você ache tudo isso uma grande bobagem
E que para viver de verdade é preciso andar pelas ruas
Fazer o que der na cabeça e observar falcatruas
Ver o mundo descoberto por suas verdades nuas
Não sei onde me inserir nesse mundo de metades
Mas, gosto do que vivo pois não faço nada por crueldade
Ninguém tem o direito de me cobrar ou pedir pra mudar
Não sou malandra nem fiz da rua minha casa pra morar
Sou uma poeta sonhadora que vôa num virar de páginas
Minha vida assim tenho vivido pelo mundo que conheço lido
Não, não me peças pra mudar e viver num mundo real
Onde pessoas não são pessoas e confundem-se com animal.