À Morte

Se a Morte me chega hoje,

o que digo é que não vou.

Se a Morte me chega ontem,

o que digo é que não sou.

E se Ela vem amanhã,

por favor, digam que não estou.

Inventem que viajei para a Europa,

que fui sem previsão de volta.

Contem que não sou mais o mesmo,

que por Sua vinda não mais aguardo.

Sim, que Ela saiba

do novo eu

que nem eu sei dizer de onde veio.

Se é porque começou a amar a vida,

ou por medo de morrer.

Simplesmente esclareçam-Na de tudo,

e que Ela não me procure!

Ó, Amiga Inevitável,

por tanto tempo cantei-Te,

como um romântico boêmio

em madrugadas serenas.

Não tenhas ódio por mim.

Deixeis teu escravo trair-Te um tanto,

a sentir este amor tão pulsante

da menina de cabelos encaracolados.

Sabes Tu, Amiga,

que em Ti, um dia,

estarei.

Então,

não Te preocupes com o pecado

ou a falta de zelo.

Ainda és o que sou,

seja no diálogo quebrado,

ou na narrativa “Machadiana.”

Ainda fazes sangrar veias alucinadas,

lacrimejando choros tão secos.

Ainda és meu destino,

meu limite

e a razão do meu existir.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 30/10/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1256246
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