Inerte
Por esses bairros.
Por esses vales que ando.
Sempre por onde caminho,
ou onde esteja a esperar luzes de cristais,
encontro um corpo deitado.
Seja pelas crianças esquecidas,
ou pelas prostitutas mal-comidas,
minhas palavras decompõe-se
nas palpitações de meu coração tão vivo;
fétido como cadáveres e latas de lixo.
Há tantos corpos.
Há tantos abandonos
e tanto desrespeito com as carnes macias
das garotinhas jovens de classe média.
São verdades “mentidas” todos os dias;
pintando a face de nossos ciclos.
São cristais que não brilham tanto como no primeiro amor,
já morto pelos boquetes das prostitutas.
Poderia ser até a última página
dedicada a este mundo doente e vadio,
mas se me faltar assunto?
Poderia ser até o último choro
dessa geração vazia e corrompida,
mas há um (D)deus que insiste em cagar poetas!
Por essa vida que eu vivo.
Pelas dores que eu sinto.
Saudemos o acidentado coração do poeta,
que bate pela Morte que espera.
Louvemos a graça de uma poesia sem questão!