[O Amor no Amanhecer]
[Intertexto para “Dois Menos um Quarto”, de Tera Sá]
O suave encantamento da transição
da noite de amor na manhã apenas raiada —
apagam-se os fachos que brilharam na noite
e acendem-se as esperanças
no dia que mal se abre.
Sim, um dia...
Um tempo, num certo quarto [só para dois],
o mágico desmoronamento do tempo,
quando o gozo intenso escurece a vista!
não, eu não posso definir o amor,
mas sei — e como sei! — que posso sentir...
E no nosso primeiro olhar daquele dia,
nossos olhos descobriram a certeza
de que, em algum lugar do espaço-tempo,
fomos feitos, na perfeita medida,
um para outro, para sempre...
Separados, sabemos bem,
e não esqueceremos nunca:
não a encontrarei jamais em outro corpo,
não me encontrarás jamais em outro corpo,
não haverá outro quarto para dois
em que não seremos o par que amanhece
da longa cavalgada do amor infrene...
[Penas do Desterro, 30 de outubro de 2008]