Tristeza

Se existe tristeza,

Ela visitou a minha casa...

Chegou silenciosa,

Perguntando-me como eu estava...

Sondou meu extrato bancário,

Minhas contas à pagar,

Percebeu que lá, ninguém mais morava,

Encontrou-me solitário...

Acompanhou-me na doença o tempo inteiro,

Observando como me comportava...

Estava sempre próxima aos meus conflitos,

E nas minhas dores, sempre chegava primeiro...

Presenciou quando os “meus amigos” se afastaram,

Me viu longe dos grupos e das festas...

Pediu-me que chorasse,

Mas suas persuasões não me abalaram...

Acendeu um cigarro e pediu que eu fumasse,

Me convidou para um boteco, dizendo que a conta pagava...

Mas isso não funcionou,

Ela esperava que nela eu acreditasse...

Abria-me um álbum de amarguras, marcas e pesadêlos,

Durante minhas poucas horas de sono...

Mas acordei ainda inteiro,

E ela ansiosa, mostrou-me ainda a velhice, através dos espelhos...

Falou-me ainda de desânimo, desistência,

Inconformação e revolta...

Disse-me não haver mais nenhum sentido,

Aquela minha triste existência...

Mas finalmente, resolvi olhar nos seus olhos com decisão,

Disse-lhe, obrigado pela visita,

Acolhi a ti por caridade em minha casa,

Agora, definitivamente, saia da minha vida...