APODRECENDO

O que dizer dos gordos

Dos que já foram gordos

Dos que temem serem gordos...

Temendo traumas. Traumas

Que nem sabem se existem,

Se existirão!

O que dizer dos negros

Que vivem amedrontados

Pela estética... Ou melhor,

O que dizer dos brancos

Que julgaram e julgam a cor

De pele mais resistente

E cheia de tonalidade,

Que esses mesmos brancos desejam

Horas ao sol?!

O que dizer das casas cobertas de azulejos

Pois a cal menospreza a beleza

De um lar?!... dizem os engenheiros!

O que dizer do botox, das plásticas,

Dos silicones, dos saltos altos

Que matam as mulheres de dores

E criam varizes e artroses

Em suas pernas,

Para depois terem o pretexto

De se deitarem à mesa

Onde um homem de branco

Com bisturi lhe corta a carne

E posa como a Afrodite!

O que dizer dos homens que

Se “anabolizam”...

Ficando belos por fora

E podres por dentro?

O que dizer... O que dizer?

Não digo mais nada...

Só imploro aos feios,

Que sabem do escárnio

Dos medíocres,

Que não caiam numa tentação

Onde comprarão uma beleza vadia

Mas que ganharão

Um eterno sujo perecer...

Apodrecendo o resto

Do belo que lhe restava!

Ser belo é contentar-se com as formas!

A beleza é o cortejo

Dos deuses do inferno...

É a mais corrupta de todas

As obras...

É o valor mais medíocre entre os homens

A zombaria da humanidade!

Manel Clélio (Kekel)
Enviado por Manel Clélio (Kekel) em 28/10/2008
Reeditado em 18/07/2010
Código do texto: T1253110