APODRECENDO
O que dizer dos gordos
Dos que já foram gordos
Dos que temem serem gordos...
Temendo traumas. Traumas
Que nem sabem se existem,
Se existirão!
O que dizer dos negros
Que vivem amedrontados
Pela estética... Ou melhor,
O que dizer dos brancos
Que julgaram e julgam a cor
De pele mais resistente
E cheia de tonalidade,
Que esses mesmos brancos desejam
Horas ao sol?!
O que dizer das casas cobertas de azulejos
Pois a cal menospreza a beleza
De um lar?!... dizem os engenheiros!
O que dizer do botox, das plásticas,
Dos silicones, dos saltos altos
Que matam as mulheres de dores
E criam varizes e artroses
Em suas pernas,
Para depois terem o pretexto
De se deitarem à mesa
Onde um homem de branco
Com bisturi lhe corta a carne
E posa como a Afrodite!
O que dizer dos homens que
Se “anabolizam”...
Ficando belos por fora
E podres por dentro?
O que dizer... O que dizer?
Não digo mais nada...
Só imploro aos feios,
Que sabem do escárnio
Dos medíocres,
Que não caiam numa tentação
Onde comprarão uma beleza vadia
Mas que ganharão
Um eterno sujo perecer...
Apodrecendo o resto
Do belo que lhe restava!
Ser belo é contentar-se com as formas!
A beleza é o cortejo
Dos deuses do inferno...
É a mais corrupta de todas
As obras...
É o valor mais medíocre entre os homens
A zombaria da humanidade!