A DERRADEIRA DAS ÚLTIMAS NOITES DE UM POETA MORIBUNDO
Os dias são trevas
E as trevas dias
A luz ferve
Se é opaca
E o mundo se ilumina
Quando esta
Se torna
Demasiado clara
É o início d’
A derradeira das últimas noites de um poeta moribundo
Trata carinhosamente
As letras
Que aprendeu a ler
E a trocar
De mil e um significados
Trata-as por um simples
“Tu…”
Quando está demasiado ébrio
Ou pura e simplesmente
Pelas Estrelas
Ou por Ela
A de sempre apaixonado
Porque os amores
Se repetem
Sempre na mesma cadência
Perante os seus olhos
Iluminados
Pelo chamamento
Que roga
Por todo o seu ser
Que lhe implica
Para que se erga
Das cinzas dos livros
Que lhe ensinaram a escrever e depois a ver arder
Numa festa orgiástica
De mil e demasiados sentidos
Da profusão
Desses sentires
Que lhe tapam a visão
Mas pelo olfacto
Lhe dizem para onde ir
Rumo à terra prometida
Dos poetas sem rumo
Ou com demasiado destinos
Para onde se dirigir
Só está, estão bem
Quando sentem que vão partir
Rumo a “Quê?”
Eis a pergunta vital
À qual nunca saberei
Dar melhor resposta
Pois também eu vivo as mesmas noites
Que essa personagem
Talvez demasiado obscura
Faces iguais
Cada uma do outro lado do espelho
Que se tocarão
Quando este se partir
E vier a tal cegueira
Clarividente
Da brancura
Onde por fim a noite
Não será mais do que isso
E terá um fim
Que será
O mais glorioso começo
E quando Ele o descobrir
Dará por finda a sua demanda
A sua insana procura…