O TEMPO

Ela queria tanto,

Para poder esquecer

A cor cinza de sua nascença,

Ganhar de presente, no dia de seu aniversário,

A delicadeza de uma boneca de trapo.

Queria tanto, tanto,

Que acabou comprando,

Naquela tardinha, em que abandonada,

A chuva lhe caia copiosamente dentro d’alma,

Uma boneca fria de porcelana fina.

Pena que já era tarde.

Ela, agora, não tinha mais tempo para esquecimentos.

Não tinha mais tempo para delicadezas.