O AMOR DE UM VERDADEIRO AMIGO
"A um verdadeiro amigo. Daqueles que aparecem uma só vez nas nossas vidas, quando aparecem".
A ti, amigo
Silencioso ser da noite
Que em minhas agonizantes trevas
Seguraste minhas mãos com correntes
E com cordas de amor eterno
Sacaste um pão da lama
Tu, luz de estrelas
Estrela luzente entre tantas apagadas
Coração secreto de simplicidade
Quem pode encher teu cálice de pureza?
Tua dignidade solene
Sacia como farinha morena bem amassada
A fome de um estômago com utópica anorexia
Cansado e massacrado pela dor
Eu,
Sepultado em mar de densas névoas
Recebi como um hóspede de digna honra
A mais pura mirra de aloés.
Eu,
Golpeado por vento levante de sulfuroso odor
Ferido de estranhas forças em tristes noites
E, entre gritos açoitado sem saber por quem
Degluti a fel.
Eu,
Nesse profundo lodaçal enfrentei a morte
Infectada de insetos podres
Que me consumiam a carne,
Saltei ao mar agarrado em tuas mãos
E em tua formosa sombra fui resgatado
(Espanha, março de 2000)