Depois da Queda

Calado, sentado ao meio fio de uma calçada imunda. Não basta eu ter uma alma podre, também tenho de ter um corpo decomposto, não há pena nos olhos que se fixam em minha carne.

Uma tosse seca, sem razão de existir me rasga a garganta e posso sentir o sangue, como catarro, descer lentamente sobre as paredes mucosas de meu ser.

Ah! Meus músculos estão retesados, perderam sua flexibilidade e o poder de movimentar-se. Dá para sentir o fraco bombar do coração espalhando a droga, injetada a pouco, entorpecendo a frágil derme que me reveste.

Não há mais medo dentro da mente, este subestimou a maldade em mim existente, mas fugiu antes que eu pudesse estrangulá-lo. Ainda há brilho neste corpo falecido, é o orgulho que ainda me acoberta como uma mortalha.

13-03-2006

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 19/03/2006
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