Sede

Faço versos pra rememorar

invento palavras pra esquecer

improviso ideias que lampejam,

que ofuscam tendas,

mareiam olhares,

sangram fendas,

caço o retrato no espelho.

Reverso em noites tardias,

regadas, saudosas,

doridas, perenes...

Volúpias, desassossegos!

Nos corpos insanos que surtam,

acalentam, embrutecem,

sussurros, demência

recortes, memórias...

Palavras fugazes

de negrumes açoites,

sucumbem lânguidas almas

emolduradas em solidão

partem estilhaços,

abrolha o fruto

ser em construção.

Templos, visões fugidias

Passagens, limo do oleiro;

combates, esmeros, tormentos

saudades orvalhadas.

Necessidade, desejos, detalhes

bramidos mordazes,

esparsas ideias difundem,

num instante, materializam.

Lembranças fatigadas!

Trovas, migalhas, insanidades

palavras caiadas

pensamentos voláteis...

sentimentos efêmeros

Bocados, metades, mistérios

perfeição cobiçada,

arranjos convexos

aquarelando seus raios

Num só feito

Insurge o ato!

Lucimar Oliveira
Enviado por Lucimar Oliveira em 27/10/2008
Reeditado em 24/08/2017
Código do texto: T1251665
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