Sede
Faço versos pra rememorar
invento palavras pra esquecer
improviso ideias que lampejam,
que ofuscam tendas,
mareiam olhares,
sangram fendas,
caço o retrato no espelho.
Reverso em noites tardias,
regadas, saudosas,
doridas, perenes...
Volúpias, desassossegos!
Nos corpos insanos que surtam,
acalentam, embrutecem,
sussurros, demência
recortes, memórias...
Palavras fugazes
de negrumes açoites,
sucumbem lânguidas almas
emolduradas em solidão
partem estilhaços,
abrolha o fruto
ser em construção.
Templos, visões fugidias
Passagens, limo do oleiro;
combates, esmeros, tormentos
saudades orvalhadas.
Necessidade, desejos, detalhes
bramidos mordazes,
esparsas ideias difundem,
num instante, materializam.
Lembranças fatigadas!
Trovas, migalhas, insanidades
palavras caiadas
pensamentos voláteis...
sentimentos efêmeros
Bocados, metades, mistérios
perfeição cobiçada,
arranjos convexos
aquarelando seus raios
Num só feito
Insurge o ato!