Todo dia, fim da linha.

É como o desenrolar das cortinas...

Respeitável público pagão,

Falemos agora de 'Luz!,

Câmera! e Transação'!

É só amor, ensaio e cena,

A cada ato enceno a indiferença,

Do teu silêncio, minha liberdade.

Das tuas palavras surge apenas

Calamidade.

São de poesia, ilusão e sensação

Que fomentamos o jogo,

O maldito jogo da emoção.

Da falcatrua, da luta e da decepção

- É o jogo da vida, da ferida,

Da nostalgia e da solidão.

É um jogo de farsa, de decadência,

De vender a vida, de ganha-pão.

E em que instância se conjuga a vida

E se aprimora a linha

Que distancia a razão,

Frente ao disparate - ensurdecido,

Vilão enlouquecido –

Da inútil emoção?

Emoção!, a platéia vibra

Com o jogo das sensações

Bate palmas, se levanta,

Grita e se desmancha

Enquanto os atores saem de cena

E as cortinas se alcançam.

As máscaras caem,

A maquiagem se esvairece,

A armação ainda reina,

O sorriso é que desaparece.

O cenário some,

Mesmo com a contínua prece,

As pessoas se agitam,

O aplauso é que emudece.

Todo dia - hipocrisia, afonia.

Todo dia - harmonia, claustrofobia.

Todo dia, poesia,

Fim da linha.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 27/10/2008
Código do texto: T1251401