Sofrimento enriquecedor
elisasantos
Das jazidas antigas
Garimpei pedra por pedra
Opalas, esmeraldas e safiras
Do linho plantado da primavera e
Do bicho-da-seda lancei mão dos fios
Nos teares teci panos vazados
Entremeei fitas de renda e cetim
Risquei o sofrimento com cores escuras
Para as lágrimas não turvarem-me a visão
A cada lágrima caída bordei pérolas
Cultivadas em mares congelados
Dos soluços com fiapos de veludo
Delineei flores. Nas noites insones,
fiz do sofrimento um painel irretocável.