Mise en scéne
À renúncia aos amores
retribuo-te com algo que ainda não tenho.
O ato de silenciar em mim é instintivo,
um sentir quase palpável, diluído, liqüefeito.
É preciso saber colocar a topografia dos teus recantos,
enterrar e esconder o sentimento embolorado, fora do eixo.
Te condenso em letras e imagens.
Reconstruo-te das frestas:
a necessidade da completude de alento não serve.
Diáfana, toda a minha pele vibra em tremores de reminiscência.
A boca em meio ao tempo escuta um surrealismo do acaso,
traçado de maneira tão concisa quanto possível.
A concepção primordial encerrada num labirinto
se dissolve numa torrente de lágrimas.