Nepentes
A palavra amolecida
Escavo o fim de tantas despedidas
Recomeço de onde paramos
A linha do pensamento
Adormeceu tão cedo
No canto da boca
Um sorriso que não vi
O sentimento costurou
E rompeu
Retaliamos
A fragilidade do corpo
Persiste
É gigantesca
Dantesca
Inferno
Paraíso
Dentes
Sisos
Algo fica perdido
Quando pulamos a corda
Das nossas entranhas
Estranhos
Tão conhecidos
Os mistérios dos signos
Escrevo
A ponta da língua
Suaviza
Minha tinta saliva
O beijo derramado
Antes da hora
Envelopamos
Nossos segredos
À luz de velas
Candelabros
Acesos
Toda nudez
Não será
Castigada
No avesso
Do teu corpo
Me inscrevo
Escrevo a tua voz
Transfiro
Códigos
De barras
Minhas saias
Tuas camisas
Nossos varais
Nossos escudos
Nossas espadas
Nossas batalhas
Desejos
São ases de flores rendadas
Rendemo-nos?
Nossas fantasias
Desfiam...
São dois mundos?
Embaralhamos
Corpos de mensagem
Copos de vinho
Tintos
Tingimos
A vida sensualmente
Vestida
De transparências
Amores gozam de panos?
Amores são desenganos?
Amores não fazem planos?
Amores aterrissam?
Amores desatualizam?
Amores são perdas e ganhos?
Amores autorizam
As cartas escondidas
Que não endereçamos?
Meu número é menor que o seu?
Se eu dissesse que és o meu?
Simultaneamente
Nós nos nus
Identificamos?
Desenhamos
Corações assimétricos
Nas linhas que não traçamos
Algo me perturba o sono
Essa tua presença azul
Que insiste em amanhecer em mim
O cheiro dessa tua voz
Suada
Embalando
O colo dos meus fonemas
Atordoados
Quebramos as regras
Destituímos os símbolos
Por quem os sinos dobram?
Poesias canções
Sinos
Sinos
Sinos
Qual a onomatopéia do teu beijo?
Qual o teu samba enredo?
Qual teu veredicto?
Qual o teu pedido?
Qual o teu apelo?
Quais são os nossos medos?
Dobro o papel
Não quero naftalina nem espelho
Há um silêncio que insiste
Em repousar
O que importa
Vejo a magia púrpura
Minha sombra descola
Meu avião de papel decola
Não vistes
O meu corpo
Nessa imensidão
De nascença
(Atua) (Lizo)
Nossas diferenças
Loco(motivas)
Dançam
No tempo
Piruetas
Precisam de pares
Um atlas
Meu
Torno
Zelo
Se a felicidade
Tiver a cor do sol
Amanheço
Fazendo o que sei de melhor
Chuva e lágrima
Qual das duas vem primeiro?
No calor do teu contorno
Eu bebo
Congestiono
A parte que toca
Esse teu olhar musical
Uma pauta
Uma flauta
Um sinal
Esse teu olhar de maçã
Deixo a minha flor
Nesse teu olhar gretado
Girando
Permita-me
Te inventar
(Girândolo)
Permita-me
Reinventar
Os cânticos
Permita-me
Fazer amor
Em gírias
Brincando
Meus pés bambos
Tem anéis de estrelas
Teus pés
Meus anéis
Imãs disfarçados
Deixa-me ser
Naquilo que tu és
Por um instante apenas
Ainda que resoluta
Seja
Esta hora vaga
Do não dizer
Desistir da luta?
Deixa-me ser na luz
Tenho um coração na boca
E uma vontade imensa
De ofertar ao teu olhar de flores
Os meus sonhos gratinados
Os meus lábios pulsam
Na distância
Confundidos
Há uma hora
Em queremos dizer tudo
Há uma hora fugitiva
Em que desistimos
O fruto nascido
Dos meus segredos
São atropelos
Um dia haverá
De existir
Em que o sol
Derreta
O vidro
Da espera
Encontro-te
Em algum lugar
Não do meu passado
Não do meu futuro
Não da minha imaginação
Encontro-te
Sem sobretudos
Permita-nos
Conhecer
As "sem razões"
De tantos desencontros
Algum motivo nessa vida
Mesmo que nos percamos
Por propósitos ou despropósitos
Do destino
Haverá de nos mostrar
O caminho....
A possibilidade do sentir
Incompatível
Com a palavra
Breve
Desistir?
Um dia haveremos
De insistir...
Na pele
A pressão da letra
Amores
Podem
Ser
Atos
Consumados
Antes mesmo
da descoberta
Definitivamente
Os dicionários
Não tem a chave
De todos os segredos
Nem dos efeitos
Que uma palavra proferida
Pode ocasionar
Amar é.....
A dor é....
Qual é a cor do adeus?
O que posso rimar
Com os olhos seus?
Convido o nome?
Prossigo
Convido o homem
Antes da palavra
Naquela linha
Do pensamento
Antes da minha voz
Tentar equilibrar
Antes da hora H
Se é que existe um lugar
fora dessa hora
Declaro-te
O que não está
Nesse e em nenhum
Outro texto....