AO MEU CORAÇÃO DE CARNE
Eu sei bem, meu coração,
quanto fiz você sofrer,
quanto de você judiei
desde o primeiro ao derradeiro amor.
Mas entre uma e outra dor
também sei bem que lhe dei
muitos dias de euforia,
no encantamento da emoção,
na ilusão da paixão.
Quantas vezes você disparou
no instante de um beijo,
na hora de uma fantasia,
de um louco desejo,
de uma explosão de alegria.
Até se preocupou
com a imprudência das juras
que fiz em momentos de loucuras,
que foram teu alento
e se tornaram tormento
quando o tempo de amar se acabou.
Mas você prosseguiu batendo
e disparando quando era preciso,
em doce cumplicidade com a libido
que até agora não criou juízo...
Hoje me sinto quites com você
e me vejo no direito de pedir:
diminui seu ritmo aos pouquinhos,
bate mais fraco e mais baixinho,
até parar e me deixar partir...