Amorais

Quem saberá o quanto te machuca

chamarem-te de perdida maluca?

Quem te lançou esse vodu, esse quebranto;

De viver em cada amor um novo desencanto?

Quem saberá do teu fardo,

de ser o gato pardo

que faz as noites serem iguais?

Quantos e quais?

Talvez eu e ninguém mais.

Somos raros os amorais.

Somos bichos em extinção.

Atentamos contra a Moral do bom cidadão.

Matam-nos a tiros. A medíocres vidas.

E nem há qualquer Ong que nos dê guarida.

Mas não te amofines mulher perdida.

Também sou um homem num beco sem saída.

De tudo que já fiz, só guardei o que não se diz.

E ainda me rio.

Longe deles, porque eu quis.