VIAGEM
A bordo da nave do vento
são passageiros minha mente,
também teu corpo de serpente,
ambos no néctar do momento.
Ambos unidos pelo tempo,
ateus, os dois, mas, como o crente,
esperançosos, piamente,
no bem que os liga ao firmamento.
Uma, no teu corpo, fremente;
este, barco, marcando tento,
a velejar num mar isento
de quaisquer pegadas de gente.
E teu corpo, singrando rente
às águas do meu pensamento,
faz como a foca, e pula ao vento,
e me põe todo um mar contente.
Fort., 25/10/2008