Sem Rosto

E ele acordou em sonho

Dois dias após morrer o seu pai

Quando algo puxou-lhe

Puxou-lhe da cama ao chão

E fez-lhe arrastar na antiga casa

A casa de seu velho pai.

E então, ele arrastou-se

Arrastou-se até a velha cozinha

E lá, em pé, viu o morto

E o viu olhar-lhe sem seu rosto

Roubou-lhe a velha face

Roubou a face de seu pai.

Para ele ver-se logo depois

E trancar-se em uma velha caixa

Mas quando se viu, gritou!

Gritou pelo horror de se ver morto

Gritou para delatar o ladrão

Gritou para delatar o assassino.

Ele próprio.

Mas gritou, acima de tudo, para acordar

E ele acordou em sonho.

Éden
Enviado por Éden em 24/10/2008
Reeditado em 30/10/2008
Código do texto: T1246104