Descansem, Poetas
Saem, Pessoas.
Deixem-me Bandeiras, Prados e
tantos outros que de alguma forma
norteiam-me. Não sou literato. Sou eu.
Apenas eu. Não me reconhecem?
Tenho a busca permanente do meu eu lírico.
Do meu eu favorável.
Do meu eu clássico.
A vida passa e eu não passarinho.
Nem tampouco perdi a chave.
Continuo querendo abrir a porta.
Aqui mesmo, independente da contra-mão.
Descansem Coralinas, Drummonds, Lispectors e
tantos outros que me fizeram sentir
o cheiro do mato, ouvir rios, viajar em regatos.
Aprendi a distinguir brisas, escolher estrelas,
a ouvir pássaros.
Ah! Que o tempo passa e a Lua continua noturna.
E as noites são longas, tão longas quanto
a minha insensibilidade ao traço abstrato.
Quero o latente. O vivo. O borbulhante.
Daí, piso em folhas, tateio a luz, preencho espaços.
Descansem, Poetas. Meu grito é mudo. Não acorda
o mito, nem me faz inconstante.
O lamento é parte do meu contexto, já que a vida,
a vida, sim, Poetas, lateja intensamente no meu instante.