O vento, o pássaro e o lenhador

Os sentidos confundem-se em setas,

por todos os lados há um caminho

e uma ponte...

Mas, que ponte é essa?

O espaço celeste é um imenso castelo,

das nuvens fazem-se os muros,

as muralhas transparentes do labirinto.

E entre elas, as almas,

minhas metades por aí divididas.

Quando vou encontrar a floresta?

Das árvores, o vento sonha a energia

e o encanto de seus galhos.

Mas, então, longe das mãos do lenhador,

surgiu o pássaro das sombras,

com olhos tão presos ao vento

e voz tão distante da atmosfera.

O sim e o não dançando

em volta da clareira do novo céu;

é tortura, mas pode parecer normal;

surgiu a luz e o palco, iluminado,

pediu que a gente esperasse.

Talvez o pássaro esteja esperando a carne

para, depois, abrir suas asas ao vento.

Embora o vento, aflito e nervoso,

deseje fazer vendaval na madrugada,

espera...

o vento segurou-se como brisa e espera...

nesse silêncio e nessa proximidade.

Distante dos olhos do lenhador

o vento, às vezes, perde-se em baixos montes

procurando a ave negra da morte.

Então, onde encontrar o lenhador?

Alma, gêmea minha,

vinde, oh! Lenhador...

do fundo das minhas existências mais remotas.

Pois confunde-se o vento

ao olhar dentro dos olhos do pássaro,

e ele não se decide,

e o sim e o não riem-se da crise!

O novo céu abre suas clareiras,

das janelas pouco se pode ver da ventania;

fechando os olhos no cinza do vício,

ainda em princípio, pode-se ver.

O vento somente quer ver-te, pássaro das torres reais de Mércia...

Pelos corredores corre o vento,

calmo ainda, de olhos fechados;

enquanto o pássaro envolve-lhe num beijo;

num laço de luz o vento e o pássaro unem-se...

nunca mais...

nunca mais poderão separar-se!

E longe, de longe, o lenhador murmura

dizendo à bruxa que os caminhos...

os caminhos são sábios.

Reilia Leão Ferreira (I)
Enviado por Reilia Leão Ferreira (I) em 22/10/2008
Código do texto: T1242287
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