O filósofo que conheci
Filósofo, palavra bonita,
palavra atraente,
e desconhecida.
Palavra surgida
no fundo da mente.
Ele não conhecia a palavra,
mas falava bonito
e sua palavra era um grito
que não se podia calar.
Tinha na sua verdade
o poder de falar o que quisesse pensar,
mas não conhecia a palavra.
Filósofo do coração,
sozinho por opção,
sua felicidade era falar.
E falava bonito, despistando a razão.
Pois não conhecia a palavra.
Escrevia também,
e escrevia bem.
Questionava os porquês
com erros de português
e sem muita concordância,
era essa sua ânsia.
Afinal, não conhecia a palavra.
Foi filósofo da vida
aluno de estrada,
de chegada e partida.
De pés calejados e unhas roídas
não frequentou as escolas,
não queria as esmolas
de palavras fingidas.
Mal conheceu a escrita,
essa coisa esquisita
que lhe queriam ensinar.
Preferiu declamar
sua própria verdade,
com tal simplicidade
que o seu empirismo
tinha tanto lirismo
que deixou-me saudade.
E ele não conhecia a palavra.