MILONGA
Fugiu do pago, ainda nova, se despilchou na saída,
se arranhou qual cabrita, entre morros e cercados,
fez chover, pintou o diabo, machucou foi machucada,
tudo isso, por vaidade, prá ser moça de cidade.
Exilada, nesta terra, teve seu rancho tapera,
de alegrias e alaridos, a viola, não tocava
nem chimarrão provocava, gosto de erva sadia.
Nem pariu a criançada, que Deus escolheu prá ela,
trazendo todos, encerrados dentro da sua barriga,
pois filho de rapariga, que renega o próprio chaõ,
corcoveia guaxo e xucro, despedaça coração.
Se lhe encolheram as ancas,
se já não é a potranca,
que gineteavam nas retas,
se não lhe farejam, rastro,
se não lhe concedem pasto,
ou lhe saciam desejos,
Não tentem, ter pena dela,
amou esta estrada longa,
andarenga/ressentida/sofrida,
tal qual Milonga...