POEMA TRISTE
Quando olho para o céu e vejo estrelas
Como Bilac eu tento compreendê-las,
Na noite triste de infeliz penar.
Mas, não consigo! A sorte me é discreta
E eu não tenho a alma livre de poeta
Nem ouço os astros do celeste altar.
A inspiração me foge, o verso some,
A nostalgia ingrata me consome
Porque a felicidade me recusa.
Poeta já não sou... não serei mais,
Pois, perdi o prazer sobre os mortais;
Como faz o poeta sem a musa?
Já não me importa a perfumada flor
Nem as endechas líricas do amor
Nem o quebrar das ondas pela praia.
Adeus vergeis floridos – ao luar -,
Adeus imensidão azul do mar,
Adeus manhã que no horizonte raia.
A ser poeta sem ter sua musa,
É ter carro sem ter quem o conduza,
É ter formosa fonte e não ter água.
É ser grande cantor e não ter voz
É no escuro encontrar só cão feroz,
É ter o coração... Cheio de mágoa.