Órfão
Estes olhos sangram
como a veia do pulso cortado.
Borra a face triste,
pintando a agonia de ser abandonado.
Mais uma vez, sou sozinho
como cães vadios e matutinos.
Meus pesadelos vêm à tona,
enchendo-me de espasmos e fascínio.
Pela via dolorida
caminho como pardais atrás de migalhas.
Brota a angústia mais uma vez
neste peito de alma falha.
Confusa está a cabeça
entre a falsa rima
e a rima clamada.
A destoar versos
e estrofes,
nunca dantes pensadas.
Me afasto de dois elos,
presos a mim por selos
de sangue contínuo;
este sangue que já não tenho
e pinta meu ódio
em meu coração soturno.
Viva ao último rebento,
que toma meu posto pela juventude querida!