Jardim de pedra
Lanço meus pensamentos pelas sombras,
linhas deformes rasurando amofinadas paredes
onde pontos indistinguíveis revelam-se em medos,
íntimos monstros envolvendo-se nas próprias redes.
Que sopre o vento movimentando o tempo que para
na imagem que grita em desespero por uma alma qualquer,
aspira por sonhos na noite vestida de escuridão rara
onde as rasuras enegrecidas despem a cruz que trazia a fé.
Olhos fechados negando a anomalia buscam a ilusão real,
não há monstros no jardim de pedra onde descansa a fada,
e pelas paredes nuas, apenas o desejo em sua forma leal
de ver recriada a vida já quase esquecida de forma brutal.
Não há monstros no jardim de pedra, não há monstros...
Deita a fada tateando a lápide fria com minutas de paz
enquanto jaz o corpo vazio da noite, dos sonhos,
morada vazia da alma que não existe mais.