Cenas repetidas
Meus anjos voaram por outros céus
Devorando estrelas a cada estação
Trouxeram a chuva que lavou meus desejos
E eu dormi, sonhando sem direção
A mesma cama vazia
As mesmas melodias desgovernadas
Embalando as mesmas cenas
Como se minhas histórias ficassem inacabadas
E minhas horas não passassem
Como se minhas súplicas fossem muito pequenas
O mesmo pôr-do-sol solitário
Brinda meus olhos em sua imensidão
Eu, cega, procurei outros horizontes
Enquanto enxergava o mesmo cenário
Atrás das brumas do meu coração
A mesma brisa, o mesmo temporal
O mesmo cometa, o mesmo pedido
A mesma alma ferida pelo mesmo punhal
Com que meu anjo da guarda foi ferido
Mas outra voz me chama ao amanhecer
Outras histórias nascem para serem contadas
Cenas se modificam, se espalham pela memória
Até que volte a anoitecer.