A sós

Mais convém que eu fale menos

E me faça mais capaz

De gestar atos serenos

Descartando o que é fugaz.

Convém mais que eu não renegue

Quem eu sou, de onde vim

Pra que o futuro me leve

À minha origem, por fim.

Mais convém que eu faça a parte

Que me cabe, mesmo pouco

Melhor faz o que reparte

E refaz em parte o Oco.

Convém mais que eu sobreviva

À tormenta em que me faço

Vento sul, barco à deriva

Pelo que dou, me desfaço.

Mas convém que eu peça ajuda

Só, perco o viço do novo

Visto a calma, alma desnuda

Concedo que me comovo.

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 20/10/2008
Reeditado em 20/10/2008
Código do texto: T1238675
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