Última trova pós-moderna-demodé
Meu amor,
És o Deus que nunca tive,
É o milagre em que nunca acreditei,
És o “nunca”,
Pregado no meu “sempre”,
És o paradoxo mais perfeito
Que eu ousei entender,
Meu menino,
Meu homem,
Meu Deus-nada-divino...
És tudo o que eu tive de grande,
Meu pequeno,
Meu eterno,
Senhor de todos os meus pedidos,
Dono da minha insanidade,
Obrigada...
Obrigada pelas fantasias,
Pelas representações,
Pelas loucas ilusões,
Por todos os “nãos”,
Pelas permissões,
Pelo meu suicídio,
Obrigada!
És o único amor que pude ter
E , como idiota, deixo ir...
Por enquanto.
O presente nos condena
E me dá medo,
Mas o futuro sempre perdoa,
Dentro de mim,
Enlouquecerei um pouco mais,
Viverei um desespero mudo,
A insanidade vestida de razão...
Enquanto grito alto,
Com meu português truncado:
Te espero!
Lívia Noronha.
Belém, 19 de outubro de 2008.