Verso em branco
Águida Hettwer
Um verso em branco desafia-me!
Apontando-me o dedo,
Feito espelho estendido sobre as águas,
Voz entrecortada as margens do tempo.
Há um ruído no âmago,
Que não quer calar,
Uma ânsia louca,
Perturba-me o sossego.
Embrulhando as mágoas,
Em papel de caligrafia,
Nas plácidas lágrimas,
Que pranteei um dia.
Semeando palavras tortas
Colhendo emoções expostas,
Fazendo monumentos de migalhas,
O verbo esconde a cara
Antes que o verso se forme.
Um querer e não poder!
Espreita a saudade no peito,
Desejo aninhou-se meio sem jeito.
19.10.2008