Dois de novembro
Dois de novembro
Um vestido branco desceu o morro
Uma camiseta branca foi atrás.
Marchavam em contagiante silêncio
Seguiam para o asfalto.
Logo calças, saias, bermudas
Bonés e chinelos
Aderiram à caminhada
Levavam flores nas mãos
E nos corações
Saudades.
Engasgada em cada garganta
Uma rosa vermelha
Por todos os que não tiveram a chance
De marchar também.
Desceram gritando palavras em gotas de ordem,
Com a força que só a indignação gera,
Através de olhos tão frescos e cansados.
Muitos viram a manifestação das
Brancas roupas anônimas
Que pediam paz
Respingadas em sangue vivo
Despetalando metodicamente rosas brancas
Em memória de seus mortos
Seguiam pelas ruas...
Mas nada aconteceu.
Adriana Kairos