SWEET NOVEMBER

Elaine,

lembra que em breve é Novembro,

das curas de banhos,

dos banhos de mar.

Aqui, ao meu lado, revejo na foto:

eu, você-criança e a vovó, juntos a brincar,

relembranças azuladas à beira-mar...

Elaine,

lembra que em breve é Novembro,

de um novo mar,

de novo Novembro;

lembra daqueles mares azuis do Rio de Janeiro,

das enchentes de 1989?!

And the rain, the rain, the rain…

E nós, quantos medos!

De súbito, desterrados

atravessando os temporais e

procurando refúgio no desprotegido

Aterro do Flamengo!

Elaine,

lembra que em breve é Novembro,

sweet November,

cheio de dengo,

de novo Novembro.

Relembro os milhares de filmes que juntos conferimos,

com eles choramos e rimos,

de Carlitos a Saura de Bergman a Tati:

Elaine, “Mon Oncle” é o seu tio, seu professor de inglês.

Lembra, Elaine, das nossas aulas?!

Quantas temporalidades, quantas lições você fez...

Do you remember, Elaine?

Em breve é novo Novembro,

nem ainda realidade, nem ficção, nem aflição...

Apenas um vigoroso NÃO:

_ Basta de quimio ou radioterapia!

Elaine, para o visível e para além do visível,

(céus, quantas preces!) sorria,

apresente-se às doces noites de Novembro

como noiva enamorada,

toda perfumada;

apresente-se às instáveis noites de Novembro

como noiva enciumada,

atravesse os temporais,

e depois da chuvarada,

festejando e riscando o céu limpo,

o pássaro azul, Elaine!

Então você ouvirá o pássaro a cantar,

e o mundo azul assim torna a começar...

PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, é doce a primavera de 2008.