Barba azul

BARBA AZUL

E num desses dias

Que desobedecem vontades

Reviraste algumas gavetas

E abriste o quarto secreto

Das memórias exiladas

Quarto de fragmentos

Lembranças

Corpos...

Lamentos

Imagens fora de foco

Sinistras

Evanescentes

Convocaste meus espectros

Com um certo olhar de ausência

Pra me encontrares... de novo

Revirando páginas

De um livro intraduzível

E então arrastaste corpos

Pra um corredor de memórias

Convidando-os pra dançar

Mórbido ballet macabro

De cores esbranquiçadas

Para que eu então lembrasse

De velhas coreografias

Em cenários de isopor

No teatro das mentiras

E num delírio sereno

deram-se as mãos em ciranda

Em volta de um EU confuso

De olhos arregalados

Que foi então refugiar-se

Entre entulhos esquecidos

No tal quarto inviolável

Dois giros na fechadura

Melissa... sono profundo...

Pra logo mais me acordares.

Cado Selbach
Enviado por Cado Selbach em 18/10/2008
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