In(Significância)
Ela,inconscientemente, esperava algo previsto
Para todas as manhãs.
Mal sabia desde quando
Ou por qual motivo sua alma, em alarde,
Disparava a colorir-se depois de cada bip.
Era uma ânsia desprendida de razão,
Era um fôlego azul,
Uma rajada viva que se sobrepunha ao rastro farto de tudo.
Não se sabe o porquê seus olhos cintilavam
Uma luz delicada.
Ou porque a pele corava sempre que segurava nas mãos
O aparelho que arrancava com três finos apitos
Seu riso mais inteiro.
Não se sabe o que ela tanto relia,
Sabe-se apenas que depois de longas primaveras
Ela voltou a abrir as janelas da varanda.
A soltar pelos corredores de sua inquietude
A voz doce que havia silenciado nos pátios daquele peito vago,
Cheio de estragos.
Agora alguma melodia leve
Inundava seus cômodos mais reclusos
E algumas asas que dormiam
Quiseram lhe saltar pela boca várias vezes.
Ela estava renascendo,
E por saber-se ainda pequena e não refeita,
Tinha medo de se fazer notar
Ou de notarem sua insignificância secreta.